Eleições 2024
“Centrão” governará para 74% dos brasileiros a partir de 2025; veja balanço eleitoral
Saldo das urnas após o segundo turno indica que 4.022 dos 5.569 municípios do País serão comandados por representantes de PSD, MDB, Progressistas, União Brasil, PL e Republicanos
A partir de 1º de janeiro de 2025, três em cada quadro brasileiros serão governados por um prefeito de um partido do “centro”.
O saldo das urnas após o segundo turno das eleições municipais indica que o Poder Executivo de 4.022 dos 5.569 municípios do País será comandado por um representante de PSD, MDB, Progressistas (PP), União Brasil, PL ou Republicanos.
O desempenho das seis siglas ilustra o êxito do “centro” e da “direita” no pleito local e o tamanho que o “centrão” sai para o xadrez político nacional.
Para se ter uma ideia, as mesmas legendas somavam 2.652 prefeituras em 2012, 2.774 em 2016, e 3.255 em 2020. Considerando para o cálculo o União Brasil como a soma de Democratas e PSL (as siglas que se fundiram para a criação da legenda em 2021).
Conforme pontuam especialistas, eleições municipais não costumam dizer muito sobre a corrida presidencial subsequente, mas antecipam com alguma acurácia os pleitos seguintes para o Congresso Nacional.
Neste caso, o recado das urnas é que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e seu sucessor em 2026 (que pode ser ele mesmo) provavelmente terá uma administração ainda mais dependente das forças do “centrão” para governar.
Dentro deste grupo heterogêneo, o PSD ganha destaque, com um salto de 35% no número de prefeituras das últimas eleições municipais para cá, atingindo a marca de 887, sendo 9 vencidas neste domingo (27) em segundo turno.
Uma parte do segredo da sigla de Gilberto Kassab ocorreu justamente na pré-eleição, com a atração de prefeitos e postulantes para disputar o pleito pela legenda, que vem se equilibrando entre alianças contraditórias: em nível nacional, integram o governo Lula. Já em São Paulo, fazem parte da base do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) ─ nome que ganhou musculatura para alçar voos mais altos.
O bom desempenho nessas eleições municipais fez com que o PSD superasse o tradicional MDB em capilaridade ─ feito que não ocorre há pelo menos 20 anos. De 2020 para cá, o MDB até cresceu ─ foi de 793 para 856 prefeituras (+8%) ─ mas não o suficiente para manter a hegemonia de outrora.
Na sequência aparece o Progressistas, legenda que hoje ocupa a presidência da Câmara dos Deputados, com Arthur Lira (PP-AL). A sigla foi de 690 prefeitos eleitos em 2020 para atuais 746 (+8%). Uma vantagem confortável em relação ao quarto colocado, o União Brasil, que ganhou apenas 24 municípios, passando a controlar 584, e que começa a ver a sombra do PL, que experimentou um salto de impressionantes 50%, para 516.
Fechando a lista do “centrão”, chama atenção a disparada do Republicanos (antigo PRB), que saiu de 80 prefeitos eleitos 12 anos atrás e agora chega a 433. O movimento é exatamente o oposto de siglas tradicionais como PT e PSDB. A primeira sigla até experimentou uma recuperação em 2024, mas ainda está longe do tamanho que tinha antes da Lava Jato e do impeachment de Dilma Rousseff (PT).
Já a segunda vem derretendo desde 2016, saindo de 799 prefeituras para 272 agora. Ilustra o momento delicado dos tucanos a campanha desastrosa com o apresentador José Luiz Datena (PSDB) na tentativa de recuperar o controle de São Paulo (SP) após a morte de Bruno Covas.
Considerando as cidades de maior porte, o chamado “G-103” (grupo de municípios com mais de 200 mil habitantes), a hegemonia passou para o PL, que elegeu 16 prefeitos. Um claro sinal da força da legenda de Bolsonaro para as eleições para o Legislativo em 2026.
Fonte: Infomoney