Artigo
Javier Milei: o ‘Atlas’ da América do Sul
Artigo produzido pelo jornalista Wilson Schmidt Junior discorre sobre a eleição de Javier Milei na Argentina.
Javier Milei: o ‘Atlas’ da América do Sul
por Wilson Schmidt Junior
Os estrondos da liberdade podem ser ouvidos por toda a América Latina. Com o eco de 26 milhões de vozes retumbantes, oficialmente, o economista anti-estado Javier Milei conquistou o poder na Argentina.
Não é preciso um entendimento político profundo para concluir que praticamente toda a direita latinoamericana e, por que não, ocidental, voltou suas atenções e preces para o país do tango e dos deliciosos chorizos mal-passados.
Há muito tempo não se via uma eleição com um caráter tão transnacional como a ocorrida no último domingo (19), data em que o anarcocapitalista foi eleito presidente no segundo turno argentino.
Nesse contexto, libertários, liberais e conservadores de outros países deixaram de lado as suas diferenças e entenderam a importância estratégica de se derrotar o peronismo de esquerda, que destruiu sobremaneira a economia argentina nos últimos anos.
Como resultado dessa união, a direita latina alterou o seu modus operandi e assumiu Milei como defensor das causas libertárias nessas eleições, o que levou a um aumento significativo do engajamento na internet, sobretudo no segundo turno
A derrota da esquerda na eleição argentina é muito mais para si própria do que para a direita, muito embora Javier, sem muitos recursos, e sem a “máquina governamental”, alavancou uma campanha impecável e altamente eficiente.
A inflação de 143% nos últimos 12 meses foi apenas o estopim, o presságio da libertação. Notavelmente, o aceno recorrente às ditaduras mundiais, a política extremamente estatizante e a falta de responsabilidade com o equilíbrio das contas públicas, aspectos que também espelham o panorama político brasileiro, foram fatores contribuintes que impulsionaram a destruição econômica e social do país do Boca e River, levando-o às ruínas.
A ascensão ao poder de mais um direitista no Mercosul serve como alívio e um fio de esperança para quem, assim como eu, não acredita nos modelos socialistas de governo, tão difundidos neste continente.
Mais do que representar um respiro liberal, a ascensão de Milei freia o projeto de poder socialista/comunista internacional… O que traz um peso enorme para as costas do novo chefe de estado.
Longe de querer personificar e endeusar o hermano, mas Javier, assim como o Titã mitológico Atlas - condenado por Zeus a sustentar o mundo -, tem uma responsabilidade gigantesca pousando em suas costas neste momento.
O “Atlas Argentino” representa a esperança de todos que entendem que apenas um modelo capitalista e liberal, a exemplo daquele praticado no Chile por anos (é possível até ser melhor, mas no cenário da América Latina, já iríamos levantar as mãos para o alto em agradecimento), é capaz de trazer prosperidade, riquezas e dignidade para a sociedade.
A depender de sua habilidade em fazer a gestão de um país afundado em uma pantagruélica crise econômica, ao final de seu governo, Milei pode ser reconhecido como Ronald Reagan ou como Richard Nixon sul-americano. Esperamos que seja o primeiro caso. Eu sinceramente torço para isso.
Não me entendam errado.
Como bom brasileiro, tenho diferenças de pensamento com o argentino médio (o “argentino médio”, aqui, é para fugir de generalismos burros e não colocar toda a sociedade hermana no mesmo patamar), sobretudo pela insistente capacidade de proferirem, de maneira tão contundente, insultos racistas.
Soma-se a isso a constante e arrogante sensação de superioridade disseminada por parcela da população argentina, por sua “casta europeia”, ao contrário de nossas tão sublimes e potentes origens africanas.
Olhar de cima é necessário. No final, o que está em jogo é algo maior. O pragmatismo da esquerda é argiloso, e as ameaças de uma ditadura ideológica que insiste em nos calar estão sempre à espreita. Vencemos uma luta, mas não a guerra. Por isso, é importante que a direita permaneça unida e consciente de que a questão vai além da Argentina; trata-se do futuro da América Latina e do Ocidente. Este momento representa um fio de esperança em meio a um contexto político de destruição, um lembrete da necessidade contínua de vigilância e ação.
Viva la libertad, carajo!