Batidores da Política
Michelle Bolsonaro defende Caroline de Toni ao Senado e expõe divergência com Carlos Bolsonaro em Santa Catarina
Presidente do PL Mulher quer fortalecer a presença feminina no partido, enquanto disputa por candidaturas ao Senado cria impasse interno
A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro voltou a movimentar os bastidores do Partido Liberal (PL) ao defender o nome da deputada federal Caroline de Toni (PL-SC) como candidata ao Senado por Santa Catarina. A posição de Michelle contraria o projeto político de seu enteado, o vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ), que também é cotado para disputar a vaga pelo estado.
Fontes próximas à direção do partido afirmam que Michelle, na condição de presidente nacional do PL Mulher, tem argumentado internamente que a legenda precisa aumentar sua representatividade feminina no Congresso. Nesse contexto, a candidatura de Caroline seria estratégica para consolidar essa pauta.
O impasse, no entanto, ganhou corpo após Carlos Bolsonaro iniciar movimentações em Santa Catarina — inclusive com a busca por imóveis na região de São José, na Grande Florianópolis — indicando que sua pré-candidatura é tratada com seriedade.
De outro lado, o cenário eleitoral catarinense também envolve Esperidião Amin (PP), aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e do governador Jorginho Mello (PL). Amin deve concorrer à reeleição, o que complica a formação de uma chapa única de direita no estado.
O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, reconheceu a delicadeza da situação. Segundo ele, “Caroline é muito querida pela Michelle e por todos nós, mas o Esperidião também busca a vaga, e o presidente Bolsonaro já decidiu que o Carlos deve vir por Santa Catarina”.
Nos bastidores, aliados afirmam que Michelle e Carlos mantêm uma relação distante há meses, e que o tema eleitoral reacendeu tensões familiares e políticas. Apesar disso, Michelle não teria feito oposição direta ao nome do enteado — apenas reforçado sua preferência pela deputada.
Enquanto isso, Jair Bolsonaro observa o cenário com atenção. O ex-presidente tem dito a interlocutores que sua prioridade é formar maioria no Senado nas próximas eleições, com o objetivo de fortalecer a base bolsonarista e contrabalançar decisões do Supremo Tribunal Federal (STF).
Com duas vagas em disputa em 2026 — atualmente ocupadas por Esperidião Amin (PP) e Ivete da Silveira (MDB) —, Santa Catarina se torna um dos palcos mais estratégicos da direita brasileira, onde a força da família Bolsonaro e a agenda de representatividade feminina do PL prometem testar seus limites.